Universitária desenvolve projeto de igualdade de gênero em comunidade quilombola
Mulheres do Quilombo Guiti participaram de atividades que discutem questões de gênero, direitos da mulher e inclusão. A universitária de um curso de Tecnolo...
Mulheres do Quilombo Guiti participaram de atividades que discutem questões de gênero, direitos da mulher e inclusão. A universitária de um curso de Tecnologia em Educador Social, Priscila Lopes Soares, desenvolveu um trabalho de extensão voltado para a comunidade do Quilombo Guiti, em Paraty (RJ), com o objetivo de promover a igualdade de gênero entre as mulheres locais. A iniciativa, voltada a fortalecer a autoestima e a autonomia das participantes, envolveu a confecção de um material gráfico e atividades que discutem questões de gênero, direitos das mulheres e inclusão social. A experiência, realizada como parte das exigências acadêmicas previstas na Resolução 07/2018 do Conselho Nacional da Educação, buscou integrar o conhecimento acadêmico às necessidades e demandas locais, fomentando um ambiente de apoio e empoderamento. O principal objetivo é promover o empoderamento feminino e a igualdade de gênero, proposta incluída nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui mais de 3.500 comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas, habitadas por descendentes de escravizados que, durante séculos, buscaram refúgio em áreas isoladas. Essas comunidades preservam valores culturais únicos e enfrentam desafios estruturais, como o acesso limitado a serviços básicos e a discriminação histórica. As mulheres quilombolas, em especial, vivenciam uma realidade de vulnerabilidade agravada, enfrentando o preconceito tanto por questões raciais quanto de gênero. No Brasil, a igualdade de gênero ainda é uma meta distante. Dados da ONU Mulheres revelam que as brasileiras enfrentam desigualdades de renda, de oportunidades no mercado de trabalho e nas condições de vida. Para as mulheres negras e quilombolas, esses obstáculos são ainda mais complexos, pois se entrelaçam com o racismo e a exclusão social. A iniciativa da universitária permitiu que as mulheres quilombolas discutissem esses desafios em conjunto, fortalecendo o sentimento de pertencimento e promovendo a conscientização dos direitos. Para desenvolver o "Projeto Destretando", Priscila percorreu várias etapas que incluíram, desde o aprofundamento teórico sobre povos e comunidades tradicionais, até a escolha de uma comunidade próxima à sua região. Após selecionar o Quilombo Guiti, ela realizou uma pesquisa de campo baseada em diálogos e interações para compreender a fundo a realidade e as necessidades específicas daquela comunidade. Na etapa seguinte, Priscila elaborou um plano de ação direcionado às demandas identificadas, focando-se na criação de um material informativo sobre a promoção da igualdade de gênero. Esse material, cuidadosamente desenvolvido, foi impresso e entregue à comunidade. No dia da entrega, a aluna teve a oportunidade de dialogar com 10 mulheres do Quilombo Guiti, que compartilharam suas trajetórias de vida, tornando o momento um espaço de troca e fortalecimento mútuo. Ao refletir sobre sua experiência de contato com as demandas sociais e a oportunidade de atuar como agente de transformação com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, Priscila destacou a importância desse projeto para sua formação: “Essa oportunidade foi fundamental para minha formação profissional e pessoal, pois pude vivenciar uma realidade cultural fantástica e tive aprendizados muito significativos.” Priscila compartilhou também que desenvolver o trabalho focado nas mulheres quilombolas foi uma experiência incrível. “Pude compreender que o racismo se faz presente em nossa sociedade, impedindo que as igualdades de oportunidades sejam possíveis a todos. Percebi que a desigualdade de gênero é uma realidade marcante em nossa sociedade, em que muitos homens ainda se acham superiores às mulheres,” afirmou. Para a tutora do curso de Tecnologia em Educador Social do Centro Universitário Cidade Verde (UniCV), Júlia Antoniazi, o projeto desempenha um papel fundamental na valorização e no reconhecimento dos povos e comunidades tradicionais. “Conhecer essas culturas é essencial para promover a diversidade, a inclusão e a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Projetos como o Destretando ajudam a desconstruir o preconceito e a promover um diálogo mais aberto e respeitoso”, disse. A importância de conhecer esses povos vai além do aprendizado; é uma questão de direitos humanos e de valorização da identidade cultural. Cada ação desenvolvida, cada história compartilhada, é um passo em direção a um futuro em que a diversidade é celebrada e respeitada. De acordo com a gerente de Extensão Curricular do UniCV, Angélica Pommer, “iniciativas como esta exemplificam o valor da extensão universitária como parte fundamental da formação acadêmica, trazendo a aplicação prática do conhecimento aprendido ao longo do curso para contextos reais e desafiadores”. A iniciativa, que alia formação acadêmica e responsabilidade social, vai além do cumprimento de uma exigência curricular, pois inspira novas gerações de profissionais a fazerem a diferença em comunidades que enfrentam desafios históricos de exclusão e desigualdade. O impacto do projeto representa um espaço de fortalecimento mútuo, onde as mulheres se sentem mais confiantes para exercer um papel ativo na transformação da própria realidade. Confira aqui o panfleto feito pela aluna: https://unicv.edu.br/estudante-do-unicv-realiza-projeto-de-extensao-em-comunidade-quilombola/